terça-feira, 15 de janeiro de 2008

TURISMO?!

No dia 27 de Agosto, estava eu a almoçar no centro de Ponta Delgada, quando me apercebi que, realmente, a nossa ilha não pode progredir em termos turísticos, como seria de esperar. Cheguei e sentei-me. Era “buffet”, o ambiente era agradável e, diga-se a verdade, a comida também era boa - quando chegou!!Imaginem, qual não é o meu espanto quando me vou servir e reparo que na parte dos “pratos quentes” só havia “restos”. Tudo bem, eu sei que as pessoas comem e que os recipientes vão ficando vazios, obviamente. Restava-lhes a simples tarefa de os substituir por outros, que estivessem cheios, quando necessário. Acreditem, que estive exactamente meia hora à espera que o fizessem. É inconcebível! Alguma vez isto aconteceria em qualquer restaurante do resto da Europa?Meus senhores, há que haver dinamismo no trabalho de mesa, vontade de trabalhar e... a palavra-chave MOTIVAÇÃO! Sim, porque não há nada pior, do que notar que se está a ser atendido por puro “frete”. Não gostam do que fazem? Muito bem, ninguém os censura. Arranjem outra profissão. Quem atende o cliente tem que estar constantemente de sorriso na cara, com bandeja na mão e pronto para satisfazer qualquer capricho, dentro dos limites do razoável... e não só! Nunca ouviram dizer que o cliente tem sempre razão?Tem que ser de uma dedicação e profissionalismo sem limites!É assim que as coisas funcionam. O mundo é tal como é e não o podemos mudar de um dia para o outro. Da mesma maneira que ficamos chocados quando um médico “perde” uma vida por negligência, também não podemos admitir que as pessoas não sejam tratadas com o máximo de atenção, educação e dedicação possíveis.Depois, ainda comentam que os Açores não estão tão desenvolvidos como a Madeira em termos turísticos. Com o poderiam estar? Quem quer trabalhar no ramo alimentar tem que se convencer que, além de ser uma área trabalhosa, não pode haver falhas. Caso contrário, nada mais fácil do que a vítima da triste ocasião se lembrar de contar a todas as suas amigas que foi maltratada no restaurante “tal”, e que foi horrível e que nunca mais lá volta... Enfim, as conversas do costume que já todos conhecemos de cor. Mas, é verdade! Nada pior do que o boato. Sim, porque começam por contar apenas “A”, mas à medida que a história corre, juntam-lhe “B”, “C” e, com um pouco de azar, todo o alfabeto e mais algum. Ainda não descobri porquê, mas há quem goste sempre de acrescentar à história mais um ou outro pormenorzinho que lhe aguça o entusiasmo. No fim, esta é já tão escabrosa que o estabelecimento em questão mais valia a pena fechar as portas por período indeterminado. É uma área em que tudo conta, para o bem e para o mal. Com a diferença que é mais polémico contar uma desgraça do que uma boa-nova. Sempre foi e sempre será. Todos sabemos que, se vemos alguém “aos pulos” por ter ganho no loto, passamos ao lado. Mas, pelo contrário, se assistirmos a um acidente, podemos constatar que ninguém arreda pé do local até já não haver vestígios do acontecimento. É triste, mas é real. O mal atrai .
Raquel Moreira
Public, "Correio dos Açores", 2004

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