quinta-feira, 31 de julho de 2008

Salvar vidas em dois dias!


Vulcanologia


Mexer um Capuccino tem muito que se lhe diga. O segredo está no processo de fusão, essencial nestas matérias. “Modulação das heterogeneidades geoquímicas e sistemas ígneos por campos de fluxo caótico: Implicações petrológicas e vulcanológicas” foi o nome dado à palestra de Diego Perugini, investigador do Departamento de Geociências da Universidade de Perúgia, Itália; que pretende através das suas teorias prevenir, avisar e evacuar as pessoas de modo rápido e eficaz, em caso de catástrofe vulcanológica. Isto, num prazo de dois dias.


Participar em projectos de investigação na área da geoquímica de rochas da ilha do Pico é um dos projectos de Diego Perugini, autor que veio a ponta Delgada dar uma palestra promovida pelo Centro de Vulcanologia e Aplicação de Riscos Geológicos da Universidade dos Açores. Após misturar e testar os magmas, o autor defende haver um prazo, de dois dias, até uma eventual erupção vulcânica, tempo suficiente para evacuar as populações devidamente.
Dar prazos nesta matéria é “ambicioso e provocativo”, reconhece, mas utilizando outros métodos “a realidade não é, assim, tão diferente”.
Diego Perugini, licenciado em Geociências, graduado em Geologia e investigador do Departamento de Geociências da Universidade de Perúgia, Itália, explica trabalhar com uma “aplicação da teoria do caos nos sistemas matemáticos”, de modo a entender as “escalas de tempo” das erupções vulcânicas.
Segundo o autor, fazendo um cálculo de tempo para uma erupção com a “junção de dois magmas”, por exemplo, o prazo é de “dois dias”.
“Os magmas são diferentes, e importa saber qual a evolução que a mistura de ambos nos traz”- esclarece, avançando que no simples “mexer de um cappucino” está presente o processo de “fusão”, que considera essencial nesta área.
A teria do “reducionismo” é outro ponto focado por Diego Perugini. “Para se conhecer as várias partes do corpo humano, é necessário estudá-lo no seu todo”- enfatiza, acrescentando que conhecendo as “condições iniciais” da matéria, há que saber qual a sua “evolução, para sempre”, o que por vezes, sublinha, não é possível.
Estes argumentos vão de encontro ao “holismo”, teoria segundo a qual o sistema “não pode ser dividido”, pois o seu “comportamento depende da complexidade” de cada parte, para que se tenha uma ideia “global”.
O investigador aproveita também para mencionar Paincaré, matemático, físico e filósofo, que argumenta que cada partícula pode produzir “diferentes e várias” consequências, no início de um sistema “dinâmico”. Também o meteorologista e matemático Lorenz defende que duas partículas se “espalham” por caminhos diferentes, dentro da mesma estrutura. Estas, “esticam e encolhem”, o que constitui o princípio básico do “caos”.
“A mistura de magmas é um processo caótico”- acentua, explicando que a mistura caótica é o esticar/encolher dos fluidos, que começam por estar “correlacionados”, o que, no final, já não acontece. Existe uma dependência “sensível” nas condições iniciais, mas são vários os ‘outcomes’.
Após a palestra, Diego Perugini avançou ao Terra Nostra que nos últimos anos tem trabalhado nesta área, mas, no início, fê-lo apenas por motivos “geológicos e petrológicos” (natureza das rochas). Depois apercebeu-se de que poderia haver “implicações vulcanológicas” nesta abordagem e, por isso, tentou “promover” estas ideias, que se destinam às pessoas que têm um “maior contacto” com a vulcanologia e que podem retirar maiores “vantagens” destes métodos.
Sobre o projecto da ilha do Pico, o investigador explica que gostaria de o desenvolver, pois aquela montanha, “aquele vulcão é muito interessante, devido às últimas erupções e também à viabilidade genealógica e vulcânica destes projectos”, nos quais pode realmente fazer a “mistura” de magmas. “E, se for este o caso, podemos aplicar este método para reconstruir as escalas de tempo das erupções dessa ilha”- enfatiza.
Prevenir a erupção pode ser, a seu ver, o “resultado” de uma série de estudos, que devem ser levados a cabo como muita “cautela, começando pela experimentação, simulações matemáticas e estudos da teoria do caos” e os Açores têm um óptimo “laboratório natural”.
Por sua vez, a teoria do caos pode ser útil para colocar “grandes restrições” na possibilidade da erupção ocorrer em questão de dias, meses ou anos.
Quanto à vinda aos Açores, o investigador explica ter sido convidado para dar esta palestra, o que fez com “enorme prazer”, pois apenas “pretendia dirigir-me a estas pessoas maravilhosas”. Referindo-se à frequência com que o magma deve ser testado, Diego explica que “depende do sistema”, avançando ser “difícil” responder, pois ainda não começaram a trabalhar com estas rochas. Mas, sublinha, se conseguir “dinheiro para obter algumas amostras para análise”, poderá começar.
Diego Perugini aproveita também para dizer não ter recebido ainda qualquer “convite, para aplicar estas teorias na Região”, acrescentando que gostaria “muito” de colaborar, pois seria “fundamental uma troca de ideias”. Lembra também que “não podemos impedir uma erupção”, apenas “compreender” a escala de tempo da catástrofe e “evacuar” as populações. “Sabendo, que em que altura a catástrofe irá ocorrer, podemos desenvolver estratégias especiais de evacuação e colocar as pessoas num lugar seguro”- ressalva.
O autor da palestra avança que a vulcanologia é uma ciência “linda”, mas devem ser utilizados também “métodos petrológicos de análise das rochas e da sua química e a teoria do caos”, para “juntar” todos os elementos num só quadro. A vantagem principal deste método reside na possibilidade de podermos, “realmente, analisar as rochas em profundidade, conhecer o seu processo genético e as razões que levaram à formação deste magma e à sua vinda à superfície da terra”.
“Entre uma erupção e outra, salienta, podem decorrer semanas, meses ou anos. Não há prazos e é muito difícil prevê-la sem um estudo completo de todas estas vertentes. O objectivo é ir à génese das erupções”, mas, admite, “não sou Deus”.
O evento foi promovido pelo Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos da Universidade dos Açores (CVARG), tendo o autor apresentando uma tese sobre petrologia vulcânica.

Biografia de Diego Perugini

Nascido em 1971 em Foligno, na Itália, Diego Perugini é actualmente investigador do After high school he moved to the University of Perugia where he studied Geological Sciences between 1991 and 1997 graduating in Geology with a diploma Thesis in Igneous Petrology entitled ‘Rheology of Coeval Acid and Mafic Magmas and Nature of Interaction Processes: Mineralogy and Petrology of Mafic Microgranular Enclaves in the Sithonia Plutonic Complex (Greece)’. Departamento de Geociências da Universidade de Perugia, Itália.
Depois do ensino médio, mudou-se para a Universidade de Perugia, onde estudou Geological Sciences entre 1991 e 1997, graduando-se em Geologia com um diploma na Tese Petrológica intitulada "Rheology de Coeval Acid e Mafic Magmas Natureza e Processos de Interação: mineralogia e Petrologia de Mafic Microgranular Enclaves no Sithonia Plutonic Complex (Grécia) ". Successively, he carried out his PhD studies at the University of Perugia, carrying out a research on non-linear dynamics in igneous processes.
Tendo realizado o seu doutoramento, na Universidade de Perugia, e realizado uma investigação sobre a não-linear dinâmica no igneous processo, em Dezembro de 2001 Diego atingiu o seu grau PhD, discutindo uma tese intitulada "Caos, Fractal e Não-Linear Dynamics, em Magma Interação Processos". This work received an award from the Società Italiana di Mineralogia e Petrologia (SIMP) as the best PhD Thesis in Petrology for the year 2001. Trabalho, que recebeu um prémio da Società Italiana di Mineralogia e Petrologia (SIMP), por ser considerado a melhor Tese de doutorado em Petrologia no ano de 2001.
He has been working as Post-Doc Fellow at the Department of Earth Sciences, University of Perugia, from 2002 to 2005. De 2002 a 2005, trabalhou como Post-Doc Fellow no Departamento de Geociências da Universidade de Perugia. A sua investigação pós-doutoramento foi essencialmente centrada na modelação de sistemas magmatic petrologic e desenvolvimento de novas ferramentas, baseadas na teoria do caos e Fractal Geometry. In 2002 the Società Italiana di Mineralogia e Petrologia (SIMP) awarded Diego Perugini the ‘Angelo Bianchi’ Research Award for Young Scientists for the year 2003. Em 2002, a Società Italiana di Mineralogia e Petrologia (SIMP) atribuiu a Diego Perugini 'Angelo Bianchi o "Prémio de Investigação para Jovens Cientistas, para o ano de 2003.
Diego Perugini has published more than 50 papers in both National and International Journals covering a large field of interests, from modelling of chemical diffusion in compositionally heterogeneous magmatic systems to fluido-dynamics of magmatic systems, from classical igneous petrology and geochemistry work to geodynamic implications of magmatic activities in several areas around the Mediterranean. Diego Perugini publicou mais de 50 artigos em revistas internacionais e nacionais tanto cobrindo um amplo campo de interesses, a partir de modelagem de química na difusão compositionally magmatic sistemas heterogêneos de fluido-magmatic dinâmica de sistemas, a partir de clássicos igneous Petrologia e geoquímica implicações do trabalho para geodynamic magmatic atividades em diversas áreas ao redor do Mediterrâneo.
Diego Perugini has been acting as Guest Editor for two special issues of Elsevier journal ‘Lithos’, entitled ‘Non-linear and Chaotic Dynamics in Igneous Petrology’ and ‘Interaction Between Mafic and Felsic Melts in Orogenic Suites’. Foi ainda editor e convidado especial em duas questões da Elsevier jornal "Lithos", intituladas "não-linear e caótica em Dinâmica igneous petrology" e "interacção entre Mafic e Felsic derrete em orogenic Suites". He has been also Guest Editor of a special issue of the Italian journal ‘Periodico di Mineralogia’ devoted to ‘Miocene to Recent Plutonism and Volcanism in the Tuscan Magmatic Province (Central (Central Italy)’. Diego foi ainda editor de cliente, numa edição especial do jornal italiano 'Periodico di Mineralogia' dedicado a "Mioceno a recente Plutonism Vulcanismo e na Província toscana magmatic (Central (Itália)".

Raquel Moreira

Public in Terra Nostra, Julho de 2008.

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